
PEYOTE

O Peyote (Lophophora Williamsii), também conhecido como peyotl e jículi, é um cacto de forma esférica e de raiz longa e conica. É comumente encontrado nos altiplanos do México e também nos Estados Unidos. Esse cacto era usado tradicionalmente nos rituais religiosos dos índios mexicanos e seu consumo estava intimamente relacionado às praticas religiosas. Diz-se que os primeiros a usarem o Peyote foram os índios Huicholes e os Tarahumaras que, assim como algumas outras tribos mexicanas, o elevaram a categoria de Deus nomeando-o de "Jículi". O mais antigo pedaço de Peyote seco foi encontrado no Texas e foi datado como tendo aproximadamente 7000 anos. Posteriormente, a pratica da ingestão do Peyote foi difundida entre os índios das planícies norte americanas.
O cacto era comido seco ou ingerido como chá. A substância ativa do Peyote é a Mescalina que possui propriedades alucinógenas, produz uma grande sensação de alegria e também aplaca a fome e a sede. Seus principais efeitos são: a liberação da ansiedade e uma sensação de unidade com o "todo" e com o próximo. O consumo do Peyote nos rituais sagrados permitia que os índios "contemplassem o outro mundo" e que entrassem em contato com os seres divinos ou com os ancestrais. Eles tinham visões sobre seus questionamentos e as respostas para os mesmos. Os índios ainda acreditavam que o Peyote era uma dádiva do criador, uma via de comunicação direta com o "Grande Espírito".
PEYOTE (lophophora williamsii)
-- A Mescalina --
A mescalina é o ingrediente ativo primário do cactus peyote. Durante a conquista espanhola, o peyote havia sido adotado por algumas tribos que habitavam zona entre a América Central. Os índios ingeriam os botões de peyote, que contêm mescalina, para aliviar a fadiga e a fome e para tratar de enfermidades. As partes superiores depois de secas eram utilizadas como amuletos para proteger contra o perigo. Nos ritos tribais, a mescalina era utilizada em grupos para facilitar a consecução do estado de transe necessário para suas danças.
Os botões de peyote têm dimensões médias entre dois a quatro centímetros de diâmetro, possuem cor parda e se parecem com a parte inferior de um cogumelo. Devido ao intenso sabor amargo do peyote, os botões são geralmente moídos até formar um pó de cor parda escura, sendo depois colocados em cápsulas de gelatina clara e vendidos no mercado ilegal.
Geralmente, os termos peyote e mescalina são usados para se referir à mesma substância. A mescalina pode ser extraída do peyote ou pode ser sintetizada em laboratório. Experimentalmente, é usada no tratamento da esquizofrenia e outros estados psicóticos.
A ingestão de mescalina produz alucinações, às vezes de caráter sexual, e intensas experiências sensuais. Também podem ocorrer sensações de terror, ansiedade, perturbação da percepção de espaço e cores e reações psicóticas. Esses efeitos começam normalmente dentro da primeira hora seguinte à ingestão da dose, podendo durar até doze horas. Os efeitos físicos são semelhantes aos do LSD. Ocorrem dilatação das pupilas, aumento da pressão arterial, taquicardia e tremores.
-- Falsos Peyotes -- que tem alcalóides diversos mas não parecem ter a mescalina.
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SAN PEDRO
Estima-se que o cacto de San Pedro (Trichocereus pachanoi & peruvianus) venha sendo usado pelos nativos americanos há muitos séculos em especial pelos índios do Peru, da Venezuelana e também pelos Yanomames do Brasil (cujas terras fazem fronteira com a Venezuela). Também conhecido como "O cactos dos 4 Ventos", San Pedro tem um formato de coluna com quatro gomos e era utilizado em práticas rituais similares a tradição dos índios mexicanos que consumiam o Peyote. A finalidade da ingestão era a mesma: o contato com os deuses e as visões mágicas proporcionadas pela a ingestão da Mescalina.
O cactos Trichocereus Pachanoi também possue o alcalóide mescalina mas em menos quantidade que o peyote.
-- O uso do São Pedro --
O uso do cactos Trichocereus Pachanoi, popularmente conhecido com San Pedro, no panorama americano do uso de plantas psicotrópicas está ligada a área do mescalinismo. O uso deste cacto tem fins terapéuticos e adivinhatórios e deve ser estudado no contexto geral dentro dos rituais xamânicos.
Deste modo poderemos estabelecer significativas comparações, no que concerne as funções das substâncias psicoativas com os mitos e ritos com elas relacionadas, com outras áreas culturais, como a mexicana, mas conhecida e estudada, que tem outra espécie de cactos mescalino, o Peyote.
No que se refere aos nomes populares do San Pedro, podemos estabelecer uma relação mítica cultural com a função do homônimo "santo" que têm as chaves do céu dentro do credo Cristão. Também nos mitos de origem do uso do San Pedro, planta e "santo" existe uma relação simbólica e funcional muito estreita. No norte andino, o nome San Pedro se alterna Wachuma/guachuma, que parece haver sido o nome antigo, e outros nomes como erva santa, cardo santo, huando hermoso e remédio porque o cacto é usado pelos xamãs para determinar em suas visões ou sonhos, como devem proceder num processo de cura.
No que se refere ao nome huanto, é evidente a derivação do quechua wantuq que significa "elevado", em relação a altura alcançada do cactos, tendo uma relação significativa com o simbolismo do vôo do xamã. O uso popular da planta fez com que descobrissem duas espécies distintas do cactos: Trichocereus Pachanoi e o Trichocereus Peruvianus, sendo esse último com mais espinhos, geralmente agrupado em número de três, uma maior e outras de tamanhos iguais.
O Trichocereus Pachanoi é o autêntico, que é distinguido pela quase ausência de espinhos. As espinhosas recebem o nome de San Pedro Cimarron e têm a cor verde-amarela e não verde como o Trichocereus Pachanoi.